A PROSA NA GUILHOTINA

A PROSA NA GUILHOTINA: BREVE ENSAIO SOBRE A MICRONARRATIVA CONTEMPORÂNEA EM LÍNGUA PORTUGUESA - por Marcelo Spalding

 
A literatura contemporânea tem passado por mudanças profundas, profundas e velozes, velozes e variadas, desafiando e confundindo os estudiosos que assistem ao surgimento de novas formas, novos temas e novos autores com uma rapidez assustadora. Vejamos o caso de Gonçalo Tavares, poeta na terra de Camões, prosador na terra de Eça, saudado como “mais importante revelação literária”, “novo paradigma da literatura portuguesa” e “nome de amanhã”, vencedor dos prêmios LER/Millenium BCP em 2004, José Saramago em 2005 e com edições em Portugal, Brasil, Espanha, Índia, Itália e Suíça. Nascido em 1970, Tavares durante doze anos escreveu de forma sistemática e a partir do ano 2001 começou a publicar seus livros em série, sendo sete publicações apenas em 2004. Sua obra é uma interseção de gêneros literários entre romances, pequenas ficções, ensaios e poesia. Exemplar único e representativo desta obra é “O Senhor Henri”, publicado em 2003, na seqüência de “O Senhor Valéry”, de 2002, e carros-chefe de uma coleção chamada pelo autor de “O Bairro”, coleção esta que já conta com pelo menos outros seis títulos: “O Senhor Brecht” (2004), “O Senhor Juarroz” (2004), “O Senhor Kraus” (2005) e “O Senhor Calvino” (2005).

 
As obras da coleção misturam narrativa, discurso e lirismo em pequenos textos, permitindo, segundo o autor, “leituras que passam pela filosofia – leitores da ‘pesada’ associam-no a Wittgenstein e a outros filósofos e escritores – ao mesmo tempo que pode ser lido por crianças”. (TAVARES, 2005, Online) Cada livro da coleção tem em torno de trinta textos e são independentes, podendo inclusive ser lidos fora da ordem da edição, ainda que guardem entre si alguma unidade – no caso de “O Senhor Henri” é o vício do absinto, retomado em diversos textos. Vejamos um destes textos de “O Senhor Henri”.

 
“A anatomia O senhor Henri disse: o Dr. Joseph-Ignace Guillotin, ilustre professor da anatomia, foi o inventor da guilhotina.


... o Dr. Guillotin, anatomista, dizia que a guilhotina é muito mais rápida que o machado e, portanto, faz sofrer menos.


... é que com o machado alguns assassinas de pescoço mais duro ficavam vinte minutos à espera que lhes separassem o corpo da cabeça.


... é necessário estudar o corpo com muita atenção para conseguir matá-lo com rapidez – disse o senhor Henri.


... qualquer idiota, como o Tempo, demora 70 anos a matar uma pessoa.


... para matar num milissegundo é que é necessária muita ciência.


... é, pois, de concluir que o Tempo não é um estudioso da anatomia humana.


... já uma enorme pedra em cheio na cabeça...


... há doutores nos sítios mais impensáveis, eis o que é.” (TAVARES, 2004, p. 39)


Em apenas 139 palavras o narrador dá a palavra ao protagonista da obra, o senhor Henri, e este compara uma pesada pedra com o Tempo, ressalta a importância da guilhotina e conta sua história. Não que seja a verdadeira história: de fato o instrumento foi considerado um método de execução mais humano do que o enforcamento ou a decapitação com um machado, mas contam as enciclopédias que não foi inventado pelos franceses, e sim tornou-se muito popular na Revolução graças a propaganda do deputado Joseph-Ignace Guillotin. Estivéssemos diante de um livro científico ou mesmo de uma notícia de jornal e estaria o autor condenado por tal deslize, mas “O Senhor Henri” é uma ficção e quem afirmou ser o Dr. Guillotin o inventor da guilhotina foi a personagem, um sujeito pós-moderno sentado na mesa de um bar, bebendo absinto e contando histórias sem se preocupar com as narrativas totalizantes ou o estatuto da verdade.

Falamos em sujeito pós-moderno porque é exatamente nas teorias da pós-modernidade que encontraremos algumas reflexões sobre essa prosa de feição híbrida e fragmentada e esse narrador despreocupado e irônico. Terry Eagleton (2003) define a obra de arte pós-moderna típica como “arbitrária, eclética, híbrida, descentralizada, fluida, descontínua, (...) rejeita a profundidade metafísica em favor de uma espécie de superficialidade forjada, jocosidade e falta de afeto, [é] uma arte de prazeres, superfícies e intensidades fugazes”. (p. 318) Menos crítica do que Eagleton, a professora Beatriz Jaguaribe (1993) sintetiza o pós-modernismo como “descrença na imposição de uma história única, progressiva e linear; (...) uma relativização dos paradigmas que nortearam o saber, a ciência e a moral.” (p. 135) Ambos respaldam a intenção pós-moderna do narrador de Tavares em ironizar um instrumento capital para a história da modernidade, a guilhotina, de forma jocosa e irônica.



Situação semelhante ao do livro português encontramos em um livro brasileiro, “A Milésima Segunda Noite”, de Fausto Wolff. Publicado em 2005, o livro traz mil e dois textos que a edição chama de histórias mas que na verdade são uma reunião de artigos, poemas, pensamentos, memórias e micronarrativas, com predominância das micronarrativas: “seu livro está repleto daqueles encantamentos de um jornal antigo, mas com o propósito original de, parodiando a fórmula dos contos das Mil e Uma Noites, descrever a vida de seu autor”. (PAVAM, 2005, p. 12) Como em Tavares, não há uma unidade aparente, apenas o narrador e o tom de seu discurso em um texto que se aproxima do jornalístico, como diz Pavam (2005), ou do verbete de almanaque. Vejamos, por exemplo, o que Wolff nos reserva para a noite 813.


“A guilhotina, inventada em 1792 e largamente usada pela Revolução Francesa, foi realmente uma máquina revolucionária. Segundo o autor, era rápida e humana. Pela sua eficiência, poderia separar cabeças de nobres e comuns. Ao contrário do que se pensa, ela não foi inventada pelo Dr. Joseph Ignace Guillotin. Ele simplesmente foi seu maior propagador, e graças a isto conseguiu convencer os parlamentares que somente a máquina deveria ser usada para quaisquer sentenças de morte. A máquina de morte propriamente foi produto dos talentos combinados de Antoine Louis e Tobias Schmit, o primeiro renomado cirurgião, e o outro um hábil fabricante de instrumentos musicais de corda. O primeiro sabia como separar a cabeça do resto do corpo, e o outro entendia muito de fios cortantes. Primeiro os dois treinaram com cordeiros, e vendo que o modelo funcionava construíram um bem maior e com a lâmina mais afiada e pesada e o ergueram na Place de Greves (hoje Place de l’Hôtel de Ville), pronto para receber seu primeiro “cliente”: um assaltante chamado Nicolas Jacques Pelletier. Mais de três mil pessoas viram a cabeça do brigante cair dentro de uma cesta, e no dia seguinte os jornais sublinharam a “humanidade” da máquina de matar: “A lei pode ser severa, mas jamais cruel.” A guilhotina tornou-se o must do momento, a coisa mais popular da França, e milhares de miniaturas eram vendidas aos turistas. Centenas de cabeças foram separadas dos respectivos corpos, e no dia 21 de janeiro de 1793 foi a vez da cabeça do rei Luís XVI, acusado de conspirar, juntamente com poderes estrangeiros contra a Revolução. Portou-se como macho. Declarou-se inocente e disse: “Espero que meu sangue cimente a felicidade de França.” Sua mulher, Maria Antonieta, foi decapitada no dia 16 de outubro do mesmo ano. Subiu orgulhosa para o patíbulo, mas quando viu a enorme lâmina começou a chorar. A fim de que o povo não visse suas lágrimas, deu alguns passos adiante e pisou no pé do verdugo. Suas últimas palavras foram: “Perdão, foi sem querer, monsieur.”


A guilhotina, no princípio, era chamada de Louisette, por causa do seu inventor, Antoine Louise, mas logo recebeu o nome do seu maior defensor, o Dr. Guillotin, que não gostou nada da idéia, mas apelido, quando pega, fica. Até hoje não se sabe se a cabeça continua pensando alguns segundos após a morte, mas os músculos da face, certamente, ainda se contraem durante algum tempo. É falsa a história que Tackeray escreveria muitos anos depois em sua novela The Adventure od Phillip and his Way through the World. O Dr. Guillotin morreu em sua cama, aos setenta e seis anos, de um carbúnculo infeccionado. Por mais de um século, a guilhotina foi considerada a máquina de matar mais eficiente. Ninguém contava com o modernismo norte-americano.” (WOLFF, 2005, p. 562-3)



Não podemos aqui afirmar que Wolff tenha lido Tavares, mas a semelhança das obras e a presença da guilhotina – um símbolo da modernidade – como protagonista em ambos os autores é no mínimo curiosa. Primeiro se percebe que a história contada por Wolff é diferente da contada por Tavares, onde ao Dr. Guillotin eram reservados os louros da invenção, mas também não confere com a de nossa enciclopédia, onde a invenção remonta há séculos atrás. Wolff não se limita, ainda, a lançar os fatos, ele chega a criar diálogos e personagens que dão verossimilhança a sua história. O narrador, como o de Tavares, está menos interessado na verdade da narrativa do que no efeito de seu discurso, o que fica claro na última frase, mordaz e irônica: “ninguém contava com o modernismo norte-americano”.



Novamente a História é retomada de forma jocosa, aqui a história do instrumento de decapitação, mas em outros momentos da obra há cenas sobre o papapo, a coroa inglesa ou a vida de gênios como Shakespeare e Mozart. Além disso, novamente a forma utilizada é a fragmentação de pequenas narrativas – tanto em Wolff quanto em Tavares os textos não ultrapassam 500 palavras –, o que de novo nos permite recorrer às teorias acerca da pós-modernidade.

 
“Os novos escritores, afinados com os hábitos alimentícios deste fim de século, publicam livros light, para serem consumidos rapidamente. Na falta de idéias novas, muitos deles voltam a um classicismo acadêmico; glosam, citam, pasticham textos de escritores do passado: outros imitam as formas da mídia, adotam temas de impacto e um estilo rápido e seco, concorrendo com as páginas policiais dos jornais ou, melhor, com os noticiários ‘aqui e agora’. (...) De modo geral, os livros de ficção se tornaram mais curtos e mais leves; nenhum pretende ser mais o Livro, e os próprios fragmentos se contentam com ser meros pedaços soltos.” (PERRONE-MOISÉS, 1998, p. 178)

 
Fredric Jameson (1996) também cita a fragmentação como característica própria de nosso tempo ao falar em um jogo aleatório dos significantes onde o autor “embaralha sem cessar os fragmentos de textos preexistentes, os blocos de armar da cultura e da produção social, em uma nova bricolagem potencializada: metalivros que canibalizam outros livros, metatextos que fazem colagem de pedaços de outros textos”. (p. 118) David Harvey (1996), ainda que considere os modernistas como pioneiros no uso da colagem, afirma que esta “é uma técnica que o pós-modernismo tornou sua em larga medida”. (p. 303)

 
O que os teóricos apontam, entre outros valores, é uma tendência pela fragmentação e pela brevidade nos escritores contemporâneos, e se olharmos além das fronteiras nacionais ou lingüísticas veremos que a prosa em língua portuguesa está seguindo uma tendência internacional que já permite falar no surgimento de um outro gênero, por nós chamado de micronarrativa, calcado exatamente na brevidade e na fragmentação.


Nos Estados Unidos a prosa com menos de mil palavras é associada ao minimalismo e chamada de “Flash Fiction”, tendo Raymond Carver como seu maior representante. Deste gênero surgiram outros, culminando numa forma mais reducionista do que minimalista destinada a histórias com até 300 palavras chamadas de micro-fictions. (THOMAS, 2005, Online) Nos países de língua latina esta modalidade narrativa tem sido chamada de microrelato e goza de grande vitalidade, despertando inclusive interesse acadêmico. (LAGMANOVICH, Online) Também na China, onde aparece em revistas e jornais, na Itália, com renovada influência do futurismo e da prosa poética, e mesmo no Chipre, onde seria o modo predominante da produção literária, a micronarrativa conquistou seu espaço. (CASTO, 2002, Online)


No Brasil, Dalton Trevisan publicou, em 1994, o livro Ah, é?, considerado o primeiro livro de micronarrativa no país mas batizado pela editora como sendo de “ministórias”. A obra lembra Carver (e a chamada geração maldita norte-americana) não apenas pela concisão extrema como pelos temas urbanos de uma humanidade perversa e pervertida, violenta e tarada. Apesar do pioneirismo no mercado editorial, é difícil afirmar que Trevisan tenha sido o primeiro a importar para o Brasil este tipo de ficção, o fato é que, a partir daí, o crescimento foi contínuo. Apenas para ilustração, em 1996 é publicado o livro Contos Contidos, de Maria Lúcia Simões, em Minas Gerais; entre agosto de 1998 e dezembro de 2001, João Gilberto Noll publica 338 pequenas narrativas na Folha de S. Paulo sob o título de “Relâmpagos” (mais tarde, em 2003, a reunião destes textos seria publicada pela Francis e o livro “Mínimos, múltiplos, comuns” ganharia o Prêmio Academia Brasileira de Letras em 2004); em 2001, Fernando Bonassi publica “Passaporte”, reunião de “micronarrativas de viagem”, Carlos Herculano Lopes publica “Coração aos Pulos”, alternando contos com minicontos, e Luiz Rufatto surpreende com “Eles eram muitos cavalos”, onde conta 70 histórias, por ele chamada de “flashes”, da cidade de São Paulo; em 2003, o pernambucano Luiz Arraes publica “O remetente”, a primeira de uma série de obras com micronarrativas; e em 2004 sai “Os Cem Menores Contos Brasileiros do Século”, antologia organizada pelo escritor Marcelino Freire com cem contos de até cinqüenta letras de renomados autores brasileiros contemporâneos.



Também em Portugal a micronarrativa desperta interesse e encontra predecessores. Contos do Gin-Tonic, de Mário-Henrique Leiria, é de 1973. A obra, com o que se chamava à época de minicontos, ganhou os palcos com o ator Mário Viegas, nova edição no ano seguinte e depois da Revolução dos Cravos converteu-se em best seller. (SILVA, Online) Contemporaneamente diversos autores de micronarrativas estão reunidos na revista digital Minguante (www.minguante.com), o que demonstra a vitalidade do gênero além-mar.


Desta forma, Gonçalo Tavares e Fausto Wolff estão em linha com esta onda de autores, de certo herdeiros do poema em prosa e do miniconto, onde o chavão minimalista “menos é mais” torna-se palavra de ordem: o desafio é contar uma história completa em que cada palavra seja absolutamente necessária. O escritor norte-americano Jason Gurley (2000) chega a propor que depois que um texto de flash fiction é escrito o autor deve pegar uma caneta vermelha e cortar todos os adjetivos e advérbios que encontrar e só num segundo momento revisar e recolocar aqueles que sejam fundamentais. (GURLEY, 2000, Online) É uma espécie de guilhotina no texto. Sim, se mudarmos os termos “texto” por “condenado” e “caneta vermelha” por “guilhotina”, finalmente entenderemos o título deste ensaio: produzir micronarrativa é, de certa forma, eliminar da prosa tudo o que não é essencial e manter apenas sua cabeça. Ou, parodiando Hemingway, a ponta extrema do iceberg.


Não que a concisão seja um valor novo. Schopenhauer, em meados do século XIX, já alertava que “deve-se evitar toda prolixidade e todo entrelaçamento de observações que não valem o esforço da leitura. É preciso ser econômico com o tempo, a dedicação e a paciência do leitor”. (SCHOPENHAUER, 2005, p. 93) Edgar Allan Poe chega a propor que apenas com a brevidade e concisão do conto o leitor alcançaria a totalidade da narrativa, idéia aceita e aprofundada por Cortázar e Hemingway, entre outros. (MOSCOVICH, 2005, Online) E só para citar o maior de todos os contistas brasileiros, Machado de Assis também demonstrava preocupação com a concisão através de Brás Cubas: “ não alonguemos este capítulo, às vezes esqueço-me a escrever e a pena vai comendo papel, com grave prejuízo meu, que sou autor. Capítulos compridos quadram melhor a leitores pesadões”. (ASSIS, 1997, p. 68)


Parece evidente, entretanto, que a modernidade imprimiu ainda mais velocidade à literatura, incentivando a brevidade dos textos e criando o que Abrahão Costa Andrade (2003) chama de “angústia da concisão”: “Jogado e perdido no meio do anonimato das massas, o poeta já não tem mais nada a dizer, ou já não tem quem o escute. Daí esse fechamento do poema numa economia da fala, que é ao mesmo tempo excesso de reflexão”. (ANDRADE, 2003, p. 92)

 
Com efeito, na poesia a velocidade da comunicação e do fluxo de informações praticamente baniu a possibilidade de poemas longos (MORICONI, 2001, p. 22), e na prosa parece que caminhamos para algo semelhante. José Saramago, em seu Intermitências da Morte, ao explicar para “os amantes da concisão, do modo lacônico, da economia de linguagem (...) porque, sendo a idéia assim tão simples, foi preciso todo este arrazoado para chegarmos enfim ao ponto crítico”, justifica-se dizendo ser “por mor do background”. (SARAMAGO, 2005, p. 67) É o que Andrade chamou de “angústia da concisão” refletido na própria escrita de um dos maiores prosadores contemporâneos.


“O desafeto progressivo pela leitura é um fenômeno internacionalmente reconhecido. Leitura exige tempo, atenção, concentração, luxos ou esforços que não condizem com a vida cotidiana atual. Ouvi recentemente, de uma criança com preguiça de ler, a reclamação de que ‘os livros têm muitas letras’. De fato, para concorrer com os outros meios de comunicação, os livros atuais e futuros precisarão ter mais atrativos do que aqueles ocultos pelas letras.” (PERRONE-MOISÉS, 1998, p. 178)

 
Errando ou acertando a história do Dr. Guillotin e o instrumento que leva seu nome, Tavares e Wolff ajudam a fomentar esse debate do lugar da prosa no mundo dito pós-moderno e de quebra contribuem para a renovação da prosa em língua portuguesa trazendo um tema universal e uma forma americanizada (sem demérito nisso). Se considerarmos que criar histórias com menos de 500 palavras é cortar o espaço de enunciação do autor, do ficcionista, do criador, estaremos respaldando a idéia de que a prosa está na guilhotina e mais cedo ou mais tarde sua morte estará decretada. Mas se admitirmos que uma história possa viver apenas com o que Barthes chama de núcleos e que caberá ao leitor preencher as lacunas, estamos diante de uma nova estética e uma nova mudança, mudança profunda e veloz, veloz e variada, a micronarrativa. Afora todo pessimismo, por enquanto podemos apenas afirmar que obras vastas e complexas como as de Tavares e Wolff indicam para esse caminho, ainda que não seja um caminho sem volta tampouco excludente, mas de suma importância e cujos efeitos nos gêneros mais tradicionais já começam a ser sentidos e precisam ser analisados.






Referências bibliográficas:


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ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Objetivo, 1997.
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